segunda-feira, 7 de julho de 2014

Papa Francisco diz não à economia que explora o homem; devemos confortar os necessitados


Muitos carregam um "jugo" insuportável por causa de um "sistema econômico que explora o homem": é uma das prementes passagens das palavras do Papa na alocução que precedeu a oração do Angelus, ao meio-dia deste domingo.

Dirigindo-se aos milhares de fiéis e peregrinos que lotavam a Praça São Pedro, o Pontífice ressaltou que o cristão é chamado a ir ao encontro dos irmãos necessitados aonde quer que se encontrem, vencendo a lógica da indiferença.

"Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e eu vos darei descanso." O Santo Padre deteve-se sobre o convite de Jesus contido na página do Evangelho dominical. O Senhor, disse, "tem diante dos olhos as pessoas que encontra todos os dias", "pessoas simples, pobres, doentes, pecadores, marginalizados":

"Estas pessoas sempre foram atrás d'Ele para ouvir a sua palavra – uma palavra que dava esperança! As palavras de Jesus sempre dão esperança! – e também para tocar mesmo que somente a orla de sua veste. Jesus mesmo buscava essas multidões enfraquecidas como ovelhas sem pastor (cfr Mt 9,35-36): assim diz Ele, e as buscava para anunciar-lhes o Reino de Deus e para curar muitos no corpo e no espírito. Chama todos a si: "Vinde a mim", e lhes promete alívio e restabelecimento."

Este convite de Jesus, ressaltou o Pontífice, "se estende até os nossos dias, para alcançar tantos irmãos e irmãs oprimidos por condições de vida precárias, por situações existenciais difíceis e, por vezes, desprovidas de válidos pontos de referência". Nos países mais pobres, "mas também nas periferias dos países mais ricos – observou – encontram-se tantas pessoas cansadas e enfraquecidas sob o peso insuportável do abandono e da indiferença":

"A indiferença: quanto mal a indiferença humana faz aos necessitados! E pior, a dos cristãos. Encontram-se às margens da sociedade tantos homens e mulheres provados pela indigência, mas também pela insatisfação da vida e pela frustração. Muitos são obrigados a emigrar de sua pátria, colocando em risco a própria vida. Muitos mais carregam todos os dias o peso de um sistema econômico que explora o homem, impõe-lhe um "jugo" insuportável, que os poucos privilegiados não querem carregar. Jesus repete a cada um destes filhos do Pai que está nos céus: "Vinde a mim, vós todos"."

Jesus, acrescentou o Papa, "o diz àqueles que têm tudo, mas seu coração é vazio". Também a eles Jesus dirige esse convite: "Vinde a mim". "O convite de Jesus é para todos. Mas de modo especial – precisou – para aqueles que sofrem mais." Jesus, observou, nos faz também um convite que é "como um mandamento": "Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração" (Mt 11,29). O "jugo" do Senhor, ressaltou Francisco, "consiste em carregar o peso dos outros com amor fraterno":

"Uma vez recebido o restabelecimento e o conforto de Cristo, somos chamados, por nossa vez, a tornarmo-nos restauração e conforto para os irmãos, com atitude mansa e humilde, imitando o Mestre. A mansidão e a humildade do coração ajudam-nos não somente a assumirmos o peso dos outros, mas também a não sermos peso sobre eles com nossos pontos de vista pessoais, nossos julgamentos ou nossas críticas ou nossa indiferença."

Fonte:


Quem são os fiéis leigos - EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL CHRISTIFIDELES LAICI

9. Os Padres sinodais justamente sublinharam a necessidade de se delinear e propor uma descrição positiva da vocação e da missão dos fiéis leigos, aprofundando o estudo da doutrina do Concílio Vaticano II à luz, tanto dos mais recentes documentos do Magistério como da experiência da mesma vida da Igreja guiada pelo Espírito Santo.

Ao responder à pergunta « quem são os fiéis leigos », o Concílio, ultrapassando anteriores interpretações prevalentemente negativas, abriu-se a uma visão decididamente positiva e manifestou o seu propósito fundamental ao afirmar a plena pertença dos fiéis leigos à Igreja e ao seu mistério e a índole peculiar da sua vocação, a qual tem como específico « procurar o Reino de Deus tratando das coisas temporais e ordenando-as segundo Deus ». « Por leigos — assim os descreve a Constituição Lumen gentium — entendem se aqui todos os cristãos que não são membros da sagrada Ordem ou do estado religioso reconhecido pela Igreja, isto é, os fiéis que, incorporados em Cristo pelo Baptismo, constituídos em Povo de Deus e tornados participantes, a seu modo, do múnus sacerdotal, profético e real de Cristo, exercem pela parte que lhes toca, na Igreja e no mundo, a missão de todo o povo cristão ».

Já Pio XII, dizia: « Os fiéis, e mais propriamente os leigos, encontram-se na linha mais avançada da vida da Igreja; para eles, a Igreja é o princípio vital da sociedade humana. Por isso, eles, e sobretudo eles, devem ter uma consciência, cada vez mais clara, não só de pertencerem à Igreja, mas de ser a Igreja, isto é, a comunidade dos fiéis sobre a terra sob a guia do Chefe comum, o Papa, e dos Bispos em comunhão com ele. Eles são a Igreja... ».

Segundo a imagem bíblica da vinha, os fiéis leigos, como todos os outros membros da Igreja, são vides radicadas em Cristo, a verdadeira videira, que torna as vides vivas e vivificantes.
A inserção em Cristo através da fé e dos sacramentos da iniciação cristã é a raiz primeira que dá origem à nova condição do cristão no mistério da Igreja, que constitui a sua mais profunda « fisionomia » e que está na base de todas as vocações e do dinamismo da vida cristã dos fiéis leigos: em Jesus Cristo morto e ressuscitado o baptizado torna-se uma « nova criatura » (Gal 6, 15; 2 Cor5, 17), uma criatura purificada do pecado e vivificada pela graça.

Assim, só descobrindo a misteriosa riqueza que Deus dá ao cristão no santo Baptismo é possível delinear a « figura » do fiel leigo.

Fonte: