segunda-feira, 27 de março de 2017

Domingo Laetare e a Rosa de Ouro

Durante a liturgia do domingo Laetare, o Papa segurava com a mão esquerda, depois de a ter benzido, uma rosa de ouro que em seguida depositava sobre o altar. Segundo a tradição, o Papa benzia a rosa de ouro no quarto domingo da Quaresma, durante o qual se canta Laetare Hierusalem . Destinada depois a ser oferecida pelo próprio Pontífice, imediatamente após a celebração da missão, a um príncipe, se estivesse presente no rito sagrado, ou a ser enviada a alguma personalidade ou instituição depois da consulta dos cardeais.
Originariamente, a rosa de ouro indicava principalmente alegria e júbilo pela Páscoa já iminente, e tinha um profundo significado cristológico, enquanto — como recitava a oração de bênção — ela representava o lírio dos vales, a flor dos campos: ou seja, Cristo. Era ao único Senhor que se pedia que a Igreja, por meio das boas obras, pudesse associar-se à fragrância daquela flor e difundir o bom perfume de Cristo no mundo.
Assim, àqueles que a recebiam como dom era reconhecida a tarefa de transmitir o bom perfume de Cristo, mediante a própria vida e as obras ao serviço da Igreja. Também a oferta da mesma a uma igreja ou a um santuário mariano reconduzia ao mesmo significado: levar Cristo ao mundo.
Genuflexo aos pés do Sumo Pontífice, o destinatário recebia o dom com as seguintes palavras: Accipe rosam de manibus nostris, qui licet immeriti locum Dei in terris tenemus, per quam designatur gaudium utriusque Hierusalem, triumphantis scilicet et militantis Ecclesiae, per quam omnibus Christi fidelibus manifestatur flos ipse speciosissimus, qui est gaudium, et coronam sanctorum omnium suscipe hanc tu dilectissime fili, qui secundum saeculum nobilis, potens ac multa virtute praeditus es, ut amplius omni virtute in Christo Domino nobiliteris tamquam rosa plantata super rivos aquarum multarum, quam gratiam ex sua ubertati clementia tibi concedere dignetur, qui es trinus et unus in saecula saeculorum. Amen. In nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti
(«Recebe das nossas mãos, como indigno vigário de Cristo sobre a terra, a rosa, com a qual se torna manifesto o júbilo das duas cidades de Jerusalém, tanto da Igreja triunfante como daquela militante, e pela qual a todos os fiéis de Cristo significou Ele mesmo, a flor mais esplendorosa, que constitui a alegria e coroa de todos os santos: aceita-a Tu, ó dilectíssimo filho, que na terra és nobre, poderoso e rico de virtudes, a fim de que, como a rosa plantada ao longo de abundantes cursos de água, assim todas as tuas virtudes sejam enobrecidas em Cristo Senhor. A ti, a partir da sua clemência infinita, se digne conceder tal graça, Aquele que é Uno e Trino nos séculos dos séculos. Amém. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo»).