Somente no
prólogo do quarto evangelho é que São João atribui a Jesus o título de logos.
Isto significa que, para o Novo Testamento, tal título não ocupa um lugar
central como o Filho do Homem, como Cristo, etc. A aplicação do título de Logos
para Jesus, em João, tem a finalidade de preencher uma lacuna deixada pelos
evangelhos sinóticos, a saber: todos eles apresentam Jesus a partir da criação,
João pretende apresentar Jesus desde toda a eternidade, superando até mesmo o
livro de Gênesis, pois, não inclui Jesus como obra criada por Deus, mas sim,
como co-autor ao lado do Pai em toda a obra da criação. Assim, este título se
torna indispensável para compreender o autor que pretende apresentar a relação
de Deus com Jesus e a sua pré-existência,10 em todo o seu relato.
Por outro
lado, sabemos que Logos significa Palavra, e nesse sentido, afirmar que Jesus é
o Logos permite-nos afirmar que Jesus é a Palavra. Tal raciocínio é análogo
àquele que nos leva a afirmar que Jesus é o Caminho, a Verdade, a Vida, Deus
feito homem. Assim, não se pode afirmar com facilidade que o Logos não tenha
sido tratado em outros escritos do Novo Testamento. Ao dizer que Jesus é a
Palavra, de maneira indireta, estamos afirmando que Jesus é o Logos, e, neste
sentido, o Novo Testamento nos apresenta Jesus como a Palavra viva de Deus em
vários pontos dos seus escritos. No evangelho de João, portanto, merecem
destaque os significados dos seguintes termos: “Palavra” e “Verbo”. Ora,
enquanto “Palavra de Deus”, o Logos quer significar o conteúdo da revelação e
da criação (Jo 1,3.18; 1Cor 8,6; Cl 1,17; Hb 1,1-2). A palavra evidencia a
criação de todas as coisas. É um sinal que expressa a vontade e a força de
Deus, sua sabedoria e ação (1Cor 1,30; Ef 3,8-11; Cl 2,2-3). Ela também revela
os propósitos escritos no coração de Deus (Jo 1,3; Cl 1,18; 4,34; 5,30; 6,38).
O Logos é o
próprio verbo divino, aquele que dá sentido a todas as coisas (Cl 1,17).11 O
evangelho de São João tem uma intenção: traçar uma linha direta entre a vida
humana de Jesus como o centro da revelação plena da verdade divina. Deus, que
por sua vez é incansável, torna-se atingível pela Palavra: “primeiro na
criação; depois na encarnação, porque este Logos chega a converter-se em homem.
E é então que sabemos que Jesus de Nazaré e o Logos se identificam.”
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