quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

CONTRIBUIÇÕES DA GAUDIUM ET SPES PARA A COMPREENSÃO PASTORAL DO HOMEM DE HOJE

Destaco aqui a importantíssima doutrina da Gaudium et Spes sobre a dignidade da íntima consciência moral do sujeito humano. Diz o texto: “Na intimidade da consciência, o homem descobre uma lei (...), uma lei escrita por Deus em seu coração. Obedecer a ela é a própria dignidade do homem, que será julgado de acordo com esta lei. A consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem onde ele está sozinho com Deus e onde ressoa a voz de Deus. (...) Pela fidelidade à consciência, os cristãos se unem aos outros homens na busca da verdade e na solução justa de inúmeros problemas morais que se apresentam, tanto na vida individual como social (...). Acontece não raro que a consciência erra, por ignorância invencível, sem perder, no entanto, sua dignidade” (GS 16). É, portanto, próprio da dignidade do sujeito humano, e seu dever seguir sempre sua consciência, mesmo quando ela se apresentasse errônea, por uma ignorância invencível. Neste último caso, então, supõe-se que tenha havido um prévio e normal esforço de formar retamente a consciência, buscando discernir o bem a fazer e a verdade a acolher, mas sem resultado positivo.

Essa doutrina conciliar responde à exigência da modernidade de que a moral não pode vir simplesmente de fora sobre o homem, como algo exterior que o submeta, mas deve de alguma forma partir também de dentro do homem. A lei inscrita por Deus no coração de cada ser humano é esta raiz, esta voz da interioridade, esta cumplicidade interior, que é a capacidade de acolher as normas objetivas da moral, sem ferir a dignidade e a inviolabilidade da íntima consciência moral do homem, cujo primado deve prevalecer sempre na decisão moral, ou seja, o homem deve sempre seguir sua consciência, supondo-se que procurou formá-la retamente, também à luz da moral objetiva.


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