Destaco aqui a importantíssima
doutrina da Gaudium et Spes sobre a dignidade da íntima consciência moral do
sujeito humano. Diz o texto: “Na intimidade da consciência, o homem descobre
uma lei (...), uma lei escrita por Deus em seu coração. Obedecer a ela é a
própria dignidade do homem, que será julgado de acordo com esta lei. A
consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem onde ele está sozinho
com Deus e onde ressoa a voz de Deus. (...) Pela fidelidade à consciência, os
cristãos se unem aos outros homens na busca da verdade e na solução justa de
inúmeros problemas morais que se apresentam, tanto na vida individual como
social (...). Acontece não raro que a consciência erra, por ignorância
invencível, sem perder, no entanto, sua dignidade” (GS 16). É, portanto,
próprio da dignidade do sujeito humano, e seu dever seguir sempre sua
consciência, mesmo quando ela se apresentasse errônea, por uma ignorância invencível.
Neste último caso, então, supõe-se que tenha havido um prévio e normal esforço
de formar retamente a consciência, buscando discernir o bem a fazer e a verdade
a acolher, mas sem resultado positivo.
Essa doutrina conciliar responde
à exigência da modernidade de que a moral não pode vir simplesmente de fora
sobre o homem, como algo exterior que o submeta, mas deve de alguma forma
partir também de dentro do homem. A lei inscrita por Deus no coração de cada
ser humano é esta raiz, esta voz da interioridade, esta cumplicidade interior,
que é a capacidade de acolher as normas objetivas da moral, sem ferir a
dignidade e a inviolabilidade da íntima consciência moral do homem, cujo primado
deve prevalecer sempre na decisão moral, ou seja, o homem deve sempre seguir
sua consciência, supondo-se que procurou formá-la retamente, também à luz da
moral objetiva.
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