terça-feira, 21 de janeiro de 2014

O sentido da missão no Documento de Aparecida


MISSÃO: palavra chave do Documento de Aparecida (DA)

Ao ler o documento, é bom se perguntar: onde mais bate o coração do texto? Onde está a marca mais significativa? Também as Conferências anteriores tiveram suas marcas registradas. A primeira foi no Rio de Janeiro, em 1955, onde se deram os primeiros passos para uma Igreja latino-americana mais autóctone e unida. A segunda foi em Medellín (1968), onde explodiu forte o grito bíblico de libertação, de opção pelos pobres, de uma Igreja a serviço do Reino. Foi aí que deslanchou a caminhada das CEBs. A terceira foi em Puebla (1979), onde cresceram os apelos à comunhão, à participação co-responsável na Igreja, e à defesa da dignidade humana. A quarta foi em Santo Domingo (1992), onde muito se insistiu sobre a inculturação e o protagonismo dos leigos.

É opinião comum que a palavra chave de Aparecida é MISSÃO. Já o lema da Conferência o diz: “Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que n’ Ele nossos povos tenham vida”. O método VER-JULGAR-AGIR atravessa o documento inteiro, mesmo que seja de maneira leve. O VER ocupa os dois primeiros capítulos (I-II). É um ver a realidade, com coração de discípulo missionário. O JULGAR é marcado por três eixos que explicitam a experiência cristã: a) O encontro pessoal com Jesus Cristo que nos torna discípulos missionários, fonte de grande alegria e paz (capítulos III-IV); b) A vivência eclesial, onde todos são acolhidos e valorizados como sujeitos eclesiais (capítulo V); c) O processo formativo permanente. É para gerar convicções fortes e corajosas (capítulo VI). O AGIR que vem em seguida, é missão pra valer, fecunda e permanente; ela atinge de cheio a realidade sócio-econômica, política, cultural, religiosa do Continente (capítulos VII-X).

Missão e missionários marcam o texto inteiro. O documento está organizado em 554 parágrafos. A palavra Missão aparece explicitamente em cerca de 100 parágrafos, as palavras ‘discípulos missionários’ e ‘missionários’ aparecem mais de trezentas vezes. Estas palavras iluminam também todos os outros parágrafos do documento. Elas são o paradigma, a referência, o fio condutor do documento.

Vale a pena saborear, meditar, interiorizar essas palavras, não somente de vez em quando, mas no cotidiano da vida; e partilhá-las nas comunidades, entre animadores (as) e agentes pastorais. Elas estão espalhadas ao longo de todo o documento, quais pérolas preciosas, que é preciso saber cuidar e guardar. Elas são portadoras de esperança, de energias novas, de transformação e libertação em todos os níveis. Ao meditar frase por frase é bom se perguntar, pessoalmente e/ ou em grupos: o que está me/ nos dizendo? Quais luzes e recados? Como vivenciá-las na minha/ nossa comunidade eclesial e na sociedade em que vivemos?  

A seguir algumas frases do Documento que falam de Missão:

 MISSÃO em sentido amplo.

1) “Assumimos o compromisso de uma grande missão em todo o Continente” (DA 362).
2) “A missão continental procurará colocar a Igreja em estado permanente de missão” (DA 551).
3) “Hoje, toda a Igreja na América Latina e no Caribe quer colocar-se em estado de missão” (DA 213).
4) “A Igreja necessita de forte comoção que a impeça de se instalar na comodidade” (DA 362).
5) “Esperamos em novo Pentecostes, uma vinda do Espírito que renove nossa alegria e nossa esperança” (DA 362).
6) “A conversão pastoral de nossas comunidades exige que se vá além de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária” (DA 370). 

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