quarta-feira, 2 de abril de 2014

A Igreja de Comunhão na LUMEN GENTIUM

A Lumen Gentium representa, em primeiro lugar, a reconquista da consciência da Igreja de ser “mistério de comunhão”, ou seja, a comunhão de vida com Deus, na humanidade de Cristo, que aproxima os fiéis na unidade da Trindade pelo vínculo do Espírito. 


Enquanto mistério de comunhão da união pessoal de cada homem com a Santíssima Trindade e com os outros homens, iniciada na fé e orientada para a plenitude escatológica, a comunhão é um conceito que está na autocompreensão da Igreja.


Em segundo lugar, pela manifestação histórica da Igreja no plano salvífico a Igreja é entendida como “Povo de Deus”. Pelo batismo todos se tornam membros da Igreja e participantes da tríplice missão de Cristo: profeta, sacerdote e rei. 

Por último, pela sua visibilidade enquanto comunidade de fé, a Igreja também precisa de uma organização hierárquica e juridicamente constituída, ou seja, há necessidade de uma estrutura organizada.


Com o termo “mistério” os padres compreendiam a designação da Igreja como “uma realidade divina, transcendente e salvífica, que é revelada e manifestada de um modo visível”.

Perpassando a evolução dos debates conciliares, desde o esquema preparatório, passando pelo segundo esquema até chegar a atual redação percebe-se a passagem da identidade entre corpo místico e Igreja romana para uma impostação cristológica. Da impostação cristológica para aquela Trinitária do mistério da Igreja. A consideração trinitária não só privilegia a comunhão mística, mas também faz sair dos esquemas societários a proposição do lado visível da Igreja e do seu nexo com aquele invisível. 

“A Igreja é situada como o fim do desenho criador e salvífico do Pai; da obra redentora do Filho e da comunicação do Espírito Santo, que aproxima na unidade o povo dos redimidos”. A conseqüência imediata desta nova impostação é que o fim das operações divinas não é a instituição eclesiástica, mas é a Igreja toda: “assim a Igreja toda aparece como um povo unido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.

Em Cristo fonte de toda graça, se dá a comunhão dos homens com Deus e é dele que a Igreja depende por inteiro em cada aspecto de sua vida: “todos os homens são chamados a esta união com Cristo, que é a luz do mundo, do Qual procedemos, por Quem vivemos e para Quem tendemos.”

A constituição também faz uma correlação cristológica-pneumatológica oferecendo uma correta compreensão do Espírito Santo como sendo presença santificante da Igreja: “ao comunicar o seu Espírito, fez de seus irmãos, chamados de todos os povos, misticamente os componentes de seu próprio Corpo”.


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