O povo Deus é um povo peregrino, pois ele faz caminho histórico entre a promessa e o cumprimento. “O que constitui um povo é, em primeiro lugar, a vida comum, a vida sofrida e assumida em comum”
A Lumen Gentium especifica de maneira clara que o sofrimento do povo Deus no caminho do deserto é também o caminho do novo Israel, é a “Igreja de Deus”, que é a “Igreja de Cristo” edificada sobre a rocha de Pedro (Mt 16,18), ela é do tempo presente a caminho da cidade eterna:
Como o Israel segundo a carne, que peregrinava no deserto, já é chamado Igreja de Deus (2 Esd 13,1; cf. Nm 20,4; Dt 23,1ss), assim o novo Israel que, caminhando no presente tempo, busca a futura cidade perene (cf. Hb 13,14), também é chamado Igreja de Cristo (cf. Mt 16, 18). Pois o próprio Cristo adquiriu-a com o seu sangue (cf. At 20,28), encheu-a de seu Espírito e dotou-a de meios aptos de união visível e social. Deus convocou e constituiu a Igreja – comunidade congregada daqueles que, crendo, voltam seu olhar a Jesus, autor da salvação e princípio da unidade e da paz - a fim de que ela seja para todos e para cada um “o sacramento visível desta unidade salvadora” (S. Cipriano, Pist. 69,6; PL 3, 1142B; Hartel 3B, p. 754: inseparabilis unitatis sacramentum). Devendo estender-se a todas as regiões da terra, ela entra na história dos homens, enquanto simultaneamente transcende os tempos e os limites dos povos. Andando, porém através de tentações e tribulações, a Igreja é confortada pela força da graça de Deus prometida pelo Senhor, para que na fraqueza da carne não decaia da perfeita fidelidade, mas permaneça digna esposa de seu Senhor e, sob a ação do Espírito Santo, não deixe de renovar-se a si mesma, até que pela cruz chegue à luz que não conhece ocaso.
A Igreja enquanto Povo de Deus se dirige a todos os povos sem negar sua unidade, formando uma unidade na pluralidade cultural dos povos. Estando acima de toda evolução histórica ela não deixa de ser atingida pelos contextos históricos e pelos acontecimentos terrenos: “é de extrema importância para a reta compreensão da doutrina sobre a Igreja levar em consideração que Cristo, ao fundar sua Igreja como algo de perene e inconfundível, todavia a inseriu na História em busca de sua meta final, a futura cidade perene”
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