sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O CISMA DO ORIENTE: SURGE A IGREJA ORTODOXA.

A Igreja Ortodoxa surgiu no século IX de nossa época e foi causa da primeira separação ocorrida no cristianismo. Até então a Igreja Romana era a única para os cristãos. Na verdade uma série de fatores contribuíram para essa divisão.

Desde a morte dos apóstolos Pedro e Paulo no ano 67 a sede da Igreja ficou sendo Roma, onde eles foram martirizados. Todos os papas seguintes mantiveram  a cidade eterna como sede pontifícia. Roma era, ao mesmo tempo, sede da Igreja e capital do Império Romano. Mais tarde, no ano 330, a capital do império foi transferida para Constantinopla, no Oriente. No ano 396 o Imperador Teodósio dividiu o Império Romano para deixá-lo aos seus dois filhos. Roma ficou sendo a capital do Ocidente enquanto Constantinopla ficou sendo a capital do império no Oriente. Por Constantinopla já ter sido a capital do império anteriormente, havia um desejo no Oriente de que a sede papal fosse lá. Como a Sé Apostólica permanecesse  em Roma muitos queriam que o patriarca de Constantinopla fosse, no mínimo, um igual ao papa.

O Império Romano do Ocidente entrou em decadência e deixou de existir quando, no ano 476, os bárbaros conquistaram Roma e destituem o último imperador do Ocidente, Rômulo Augústulo. Roma cai mas a Igreja sai ganhando com isso pois a fé se espalha entre os bárbaros e se estende pela Europa com a conversão dos povos pagãos. O Império Romano do Oriente, que sobreviveu, passa a se chamar Bizâncio e vai durar ainda mil anos.

No ano de 868, César Bardas, homem imoral e viciado, tio do Imperador Miguel III de Bizâncio, foi excomungado pelo Patriarca Inácio, de Constantinopla. Indignado, ele insta o sobrinho-imperador fazendo com que este destituísse Inácio. Este é destituído do Patriarcado e  preso, por ordem de Miguel III, e desterrado para a Ilha de Terebinto. Em seguida, com o apoio do sobrinho-imperador, César Bardas consegue eleger Fócio comandante da guarda imperial, a quem Miguel III favorecia, como bispo para ocupar o patriarcado de Constantinopla em lugar de Inácio. A sagração de Fócio foi cercada de irregularidades: o novo prelado recebeu em apenas cinco dias todas as ordens sagradas e foi empossado pelo Imperador Miguel III como patriarca de Constantinopla sem a aprovação de Roma e sem que a sede estivesse vaga pois Inácio, o legitimo patriarca não havia renunciado nem tinha sido destituído legalmente pelo Papa. Nicolau I. Além disso, Fócio fora sagrado por um bispo que não estava mais em comunhão com a Santa Sé. A sagração foi portanto irregular. Mas Fócio ama o poder e manda espalhar que Inácio fora desterrado por ter conspirado contra o imperador. Também achava que o papa aceitaria sua nomeação porque precisaria do auxílio das tropas bizantinas para proteger os cristãos na luta contra os sarracenos muçulmanos. Mas o Papa Nicolau I lhe opôs enérgica resistência e não aceitou sua indicação e sagração irregular. Em seguida o papa declarou solenemente, em 863, que Fócio estava destituído (naturalmente) das funções pastorais.

Assim, não conseguindo impor-se com o apoio papal, Fócio convoca um concílio irregular em Constantinopla (a maioria dos bispos estava suspenso de ordens) e obtêm dessa forma a aprovação para o patriarcado. O Papa Nicolau I condena os decretos do Concílio irregular e excomunga Fócio. Este rompe com o papa provocando o Cisma do Oriente. Dessa forma a Igreja de Bizâncio, seguindo a Fócio, cai no cisma que dolorosamente separa os cristãos do Oriente da Igreja de Roma.

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