quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A cruz é a luta contra o mal.




As perseguições que Jesus sofreu até a morte revelam a força do mal, do pecado, do egoísmo e todas as suas sequelas, bem como sua oposição ao Reino de Deus. Durante toda a sua missão, desde o início, Jesus experimentou a reação e a oposição dos pecados e egoísmos concretos de sua época. Jesus experimentou o mal como uma realidade (o que ele chamava "a hora das trevas") e como uma realidade poderosa. Não se deve subestimar a força do mal na vida de Jesus, mal que se expressou em pecados e injustiças próprios dos homens e da sociedade da época, como agora continua se concretizando em nossa época. O mal levou Jesus não só à morte (fracasso aparente de sua vida), mas também frustrou seus objetivos imediatos em relação à propagação do Reino, à conversão de Israel e à aceitação de sua obra (fracasso aparente de sua missão).
Jesus crucificado é a prova da força e da persistência do mal no mundo e em cada um de nós.

Pelo aspecto negativo, a cruz nos ensina que o mal é invencível enquanto durar a história. Que sempre reaparece de novas maneiras. Que sua persistência é uma trágica realidade. Que sua oposição aos valores do Reino de Deus é constante. Que, hoje como sempre, ele é capaz de levar ao fracasso a obra da Igreja aqui ou ali, bem como o esforço de cada um de nós para nos convertermos a seguir a Jesus.

A cruz nos ensina que a conversão do mundo contém a profunda dimensão de uma luta contra o mal (o pecado), que hoje se expressa em formas concretas: a corrida armamentista, as ameaças contra a vida, a corrupção do amor, a exploração do homem pelo homem, a fome, a miséria, o materialismo e todas as formas de injustiça. O mal é forte, persistente, coletivo e reaparece continuamente. Esse mal pode sufocar e levar a causa do Reino ao fracasso aparente. Em outras palavras, a crucifixão de Jesus, encarnação da inocência e do bem, nos recorda hoje, através do símbolo do crucifixo, que os inocentes, bons, fracos, pobres e desamparados da terra continuam sendo crucificados. Pela cruz, a paixão de Cristo é a paixão do mundo e esta é a paixão de Cristo.

Fonte: GALILEA, S.; O Caminho da Espiritualidade, Edições Paulinas: São Paulo, 1985, p. 226-227.

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