Jesus e o logos têm um mesmo caráter funcional
para os homens: o seu papel de revelador. Antes da existência terrena de Jesus,
o logos fazia-se presente na vida dos seres do universo e, através dessa vida
que era doação, o homem podia ter chegado a um certo conhecimento de Deus, do
qual estavam participando. Com Jesus de Nazaré chega a plenitude desse
conhecimento, dessa integração na ordem do divino. É ele o mediador único que,
por ter estado e estar em união com o Pai, é o único capaz de narrá-lo, de dar
a conhecer a Deus (1,18), capaz de gerar-lhe filhos sobre a terra.
A união entre o logos e Jesus não se
verifica só em virtude de um mesmo papel a realizar nos planos de Deus, mas
este agir está logicamente respaldado por um mesmo e idêntico ser. Jesus e o
logos são a mesma realidade divina.
Não se trata somente de que Deus se
mostra em Jesus de Nazaré; é que Jesus de Nazaré é o próprio logos que esteve
sempre presente junto de Deus. Se Deus é perceptível em Jesus de Nazaré, como o
exige a fé joanina, é porque Jesus, como também o logos, pertence ao âmbito do
divino. Não se trata de uma qualidade acrescentada ao homem Jesus, mas uma
entidade total e real: Jesus é Deus. O que traduzido significa: Jesus não
deixou de ser o logos. Foi este que mudou em seu modo de estar entre os homens:
ao princípio, unido à vida de cada um dos seres; agora na pessoa de Jesus e
posteriormente na pessoa dos cristãos. Os mundos antagônicos de Deus e do homem
se confundem numa mesma história, a dos cristãos. Jesus de Nazaré é o logos que
começou uma nova etapa de relações entre os dois mundos distantes por natureza.
Fonte: DE LA CALLE, F.; A Teologia do
quarto Evangelho, Edições Paulinas : São Paulo, 1978, p. 45-46, Coleção
Teologia dos Evangelhos de Jesus – 4.
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