Todos sabem que Cristo realizou o projeto divino mediante a carne, isto é, a
morte, a ressurreição, a ascensão e o assentar-se à direita do Pai. Mas, em
Pentecostes, o Pai realizou o próprio projeto mediante o Espírito Santo.
Enquanto que o objetivo do Filho é a salvação mediante a remissão do pecado
e do castigo conseqüente e o restabelecimento da relação entre Deus e o
homem na base de uma reconciliação eterna, a vontade do Pai é que nós
vivamos com ele no amor de filhos: esta vontade se realizou em Pentecostes
como resultado da obra de Cristo.
Onde terminou a missão de salvação e de redenção do Filho, teve início a
missão de amor e de adoção do Pai. Referente a isso afirma expressamente o
Senhor: Nesse dia vocês pedirão em meu nome e não será necessário que eu os
recomende ao Pai, pois o próprio Pai ama vocês, porque vocês me amaram e
acreditaram que eu saí de junto de Deus (Jo 16, 26-27).
A afirmação de Cristo – O Pai vos ama e naquele dia – realizou-se
definitivamente em Pentecostes, quando o Pai enviou o Espírito Santo, o seu
Espírito, o Espírito do amor paterno, um tempo indicado como “a promessa do
Pai”. Paulo o explica com estes termos: o amor do Pai foi derramado em
nossos corações por meio do Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5,5). Isso
significa que a primeira impressão, na mente e no coração, neste grande dia
de Pentecostes, deveria ser o afeto do Pai por nós, um sentimento de amor
paterno e ardente derramado sobre a humanidade, que se seguiu à realização,
por parte do Filho, de todas as condições exigidas para a redenção e a
salvação.
Esta é a nossa porção de glória naquele grande dia; este é o tesouro de amor
ao qual tiveram acesso os fiéis de todos os tempos, sem que jamais se
esgotasse; este é o ardente amor do Pai que nos faz gritar incessantemente:
Abbá, Pai!. De fato, o Espírito de Pentecostes é um Espírito de fogo que
desce diretamente do Pai e dele comunica, através das chamas, a compaixão e
o amoroso afeto mantidos ocultos da humanidade por milênios de anos.
Gostaria que tomássemos consciência da eficácia e da magnificência deste
amor, porque o seu mistério é extremamente profundo. Demonstrou-se doador de
vida e é semelhante a um fogo capaz de transformar a nossa natureza, assim
como o fogo transforma o pó em ouro. Com o mesmo amor com o qual Deus amou
seu Filho unigênito, Deus escolheu, neste “dia divino”, amar-nos e derramar
sobre nós abertamente o seu Espírito. Assim, transformou-nos de servos em
filhos e nos elevou da terra ao céu, pelos méritos de seu Filho que desceu à
nossa terra e se imolou por amor de nós.
Fonte: http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/teologia/matta_el_meskin_comunhao_no_amor13.html
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