Mas queremos agora refletir sobre o que aconteceu de modo invisível no dia
do nascimento de Cristo. Foi demonstrado de modo irrefutável na cena da
história e do tempo, assim como no coração dos apóstolos, dos santos e de
toda a igreja, que aquele que nasceu era realmente o rei que devia vir, o
salvador, o redentor, o detentor da chave da casa de Davi, aquele que quando
fecha ninguém pode abrir e quando abre ninguém pode fechar. Seu reino é um
reino eterno que não terá fim, segundo a visão do profeta Daniel (cf. Dn
7,27).
Essa é a outra face do nascimento de Cristo, pois em Cristo completou-se a
promessa de Deus feita no início da era da salvação, e a manifestação na
terra do reino de Deus, guiado e governado por ele; este era o reino de que
incessantemente tinham falado os profetas. Os exércitos celestes proclamaram
a salvação: Nasceu para vós um salvador, e os magos anunciaram o reino
eterno: Onde está o rei dos judeus que nasceu?...Viemos para adorá-lo (Lc
2,11; Mt 2,2).
Deste modo podemos contemplar a face escondida do dia de Natal: os tronos
foram destruídos e outros foram preparados. Terminava uma época e outra
tinha início, como dissera a virgem Maria no seu imortal hino de louvor:
Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes, Demonstrou o
poder de seu braço (Lc1,52.51). Na anunciação o anjo já tinha proclamado com
clareza e glória: Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo; o
Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi e reinar
á para sempre na casa
de Jacó e o seu reino não terá fim (Lc 1,32-33).
Como é surpreendente que o reino de Cristo, portador de salvação, possa ter
sido proclamado enquanto ele ainda estava no ventre, e confirmado de muitos
modos: primeiramente pelo anjo, depois pela Virgem logo após tê-lo
concebido, depois pelo sacerdote Zacarias e por Isabel. No dia de seu
nascimento foi reconfirmado pelos exércitos celestes e pelos magos, que
tinham suportado o cansaço da longa viagem a fim de poderem ver o rei dos
judeus, adorá-lo e oferecer-lhe dons que exprimiam a essência de sua fé em
seu reino.
Fonte: http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/teologia/matta_el_meskin_comunhao_no_amor5.html
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