Jesus se considerou a si mesmo como "Filho de Deus"? A resposta a esta pergunta é negativa para quando fazem remontar este título no Novo Testamento em aplicação a
Jesus terreno, ao seu uso helenístico. Mesmo quando esta tese se revela, diante do exame, em ser insustentável,
haveremos
de
perguntar se, todavia, não foi à
comunidade primitiva quem
considerou a Jesus como
o Filho de Deus, por influência do Antigo Testamento, sem que o
próprio Jesus houvesse atribuído a si mesmo este nome.
Tudo que se pode
dizer no momento é que, segundo o testemunho unânime da tradição evangélica, o título "Filho de Deus", aplicado a Jesus, deve
expressar o que há de
único, de incomparável, em sua relação com o Pai.
As principais
passagens sinóticas, nas quais Jesus aparece como o Filho de Deus não o
mostra, precisamente, com o aspecto de um taumaturgo ou de um salvador semelhante a muitos outros: muito pelo contrário, eles o distinguem
radicalmente de todos os demais homens para os quais atribuindo-lhe a
convicção de ter de cumprir sua obra terrena em concordância perfeita e total com a vontade do Pai.
Esta separação, este
afastamento, não significa em primeiro lugar para Jesus a posse de um poder sobrenatural, mas a obediência absoluta no cumprimento de sua missão divina. E isto que os Sinópticos enfatizam. No relato do batismo, onde se ouve a voz celestial (Mc 1,11 par.), o título de “Filho”.
O testemunho dos
Sinóticos é claro:
Jesus é o Filho de Deus não como taumaturgo, mas como aquele que realiza sua missão em
obediência e, mais particularmente, como aquele que aceita o sofrimento. A dignidade do Filho de Deus está
associada a seu sofrimento; e que no relato da transfiguração (Mc 9,7, par.), ela é proclamada como a confirmação de sua missão divina e da
unidade perfeita com o Pai na execução de sua missão.
CULLMANN, O., Cristologia do Novo Testamento, Editora Liber: São
Paulo, 2001, p. 359-363.
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