O catecismo da Igreja Católica
interpreta que a descida de Cristo está relacionada com a vida, enquanto esta
brota necessariamente da morte. Mas adverte que quando Cristo desceu, resgatou
unicamente os justos que o antecedeu e não a todos que se encontravam ali. Neste
sentido, a salvação não era para todos senão para aqueles que esperavam a
chegada do Redentor. Também, com a descida, o Hades não se destruiu enquanto
espaço, mas ficou subordinado à Cristo. O Acontecimento narrado em 1 Pd se
constitui na última fase da missão messiânica que vinculava a salvação e entronização
definitiva de Cristo logo após isso, ele obteve as chaves da morte do Hades.
Sua descida assinala sua morte inegável e sua experiência enquanto homem que
sofreu mas venceu[1].
Luis Alonso Schökel em seu comentário a
1 Pd manifesta-se numa perspectiva soteriológica em que o tema do descensos valorizou
sua incorporação ao credo cristão. Mesmo assim, deixa entrever a preocupação mostrada
pelos primeiros crentes em relação com a salvação de todos aqueles que viveram
antes de Cristo ou do exercício do Batismo. No entanto, Schökel interpreta o
texto numa mensagem universal, isto é, uma salvação que alcançará a todos os
seres humanos a partir de uma imagem enigmática, mas por sua vez,
evangelizadora[2].
Obemayer e outros reconhecem o descensus
como uma forma na qual Cristo tomou as chaves da morte e do Hades depois que
ele descera a este submundo. Não permanecendo ali, saiu graças a ressurreição.
No entanto, afirmam: ‘posto que no reino dos mortos houvesse compartimentos separados
para justos e pecadores supõe-se que Jesus anunciou sua vitória aos justos’. Desta
forma, exerce uma posição excludente da mensagem soteriológica[3].
Moltmann adverte a admiração dos cristãos
ao perguntar (ou responder) pelo significado da descida de Jesus. Moltmann, em
consenso com o teólogo sírio Marco de Aretusa diz que a descida de Jesus o
humaniza e por sua vez o diviniza em relação com os seres humanos: ‘é divino
porque ele se fez irmão nosso através de todos os infernos[4]’.
Fonte: ZÚÑIGA R. M.; El descenso de
Cristo a los infiernos: reflexiones, contrastes, símbolos e interrogantes, IN:
SIWÔ, REVISTA DE TEOLOGÍA, Volumen 5, Número 4, 2011, p. p. 225 – 252.
Tradução: Roberto Marcelo da Silva
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