Percorrê-los seria outro modo de estudar
a Cristologia do Novo Testamento, porque – dada a importância que os antigos
atribuíam aos nomes (nome seria expressão de qualidade própria de quem o leva –
Orígenes De Orat, 24: P.G. 11,492) – aí encontramos alguns condensados da
primitiva reflexão sobre Jesus. Foram apreciados sob este ponto de vista, desde
a época patrística havendo explicações desses nomes desde o século V. Autores
recentes por vezes centralizam neste estudo a Cristologia bíblica, predominando
a questão crítica: quais os títulos que remontam ao uso do próprio Jesus?
Cullmann propõe uma classificação
temática interessante: 1 – os títulos que caracterizam sobretudo a obra
terrestre e passada de Jesus (profeta, Servo de Jahvé, Sumo Sacerdote), 2 – os que
caracterizam a sua ação presente na Igreja (Senhor, Salvador), 3 – os que se
referem à consumação escatológica (Messias, Filho do Homem) e 4 – os que aludem
à pré-existência (Logos, Filho de Deus, Deus).
Limitaremos em acentuar brevemente os
principais dados sobre os títulos mais característicos:
1 – O Cristo
Tomamos aqui, a palavra no sentido
original, que traduz em grego o hebraico Messias (Maschiah), significando
literalmente ‘o Ungido’. Em concreto, o apelativo dizia respeito ao Rei de Israel,
anunciado pelos profetas. Muitos contemporâneos de Jesus se interrogaram se não
era ele o Messias:
Mc 15, 31. Do mesmo modo, os chefes dos
sacerdotes, junto com os doutores da Lei, zombavam dele dizendo: "a outros
ele salvou... A si mesmo não pode salvar! 32. O Messias, o rei de Israel...
Desça agora da cruz, para que vejamos e acreditemos!" Os que foram
crucificados com Jesus também o insultavam.
Jo 7, 25. Algumas pessoas de Jerusalém
comentavam: "Não é este que estão procurando para matar? 26. Ele está aí
falando em público, e ninguém diz nada! Será que até as autoridades
reconheceram que ele é o Messias? 27. Entretanto, nós sabemos de onde vem esse
Jesus, mas, quando chegar o Messias, ninguém saberá de onde ele vem."
Jo 10, 24. Então as autoridades dos
judeus o rodearam e disseram: "Até quando nos irás deixar em dúvida? Se tu
és o Messias, dize-nos abertamente." 25. Jesus respondeu: "Eu já
disse, mas vocês não acreditam em mim. As obras que eu faço em nome do meu Pai,
dão testemunho de mim;
E outros o afirmaram decididamente: Mc
8, 28. Eles responderam: "Alguns dizem que tu és João Batista; outros, que
és Elias; outros, ainda, que és um dos profetas." 29. Então Jesus perguntou-lhes:
"E vocês, quem dizem que eu sou?" Pedro respondeu: "Tu és o
Messias."
Mas Jesus se terá recebido como tal?
Tem-se aqui o núcleo do ‘segredo messiânico’. Jesus se sabia ser o Messias, mas
numa realização superior à de uma missão terrestre e política, ele poderia ter
se confessado como tal ou aceitar que o dissessem. Durante seu processo de
condenação, foi associado o título de ‘Filho do Homem’ glorificado no céu
insinuando o sentido transcendente de sua realeza. Após a ressurreição foi
manifestada a realeza de Jesus, tornando sua profissão messiânica uma profissão
de fé, na comunidade cristã. O título ‘Cristo’ queria significar, assim, ser
Jesus o transcendente Rei, aquele que devia vir e que se manifesta um dia em
seu poder e glória.
Fonte: GOMES, C. F.; Riquezas da
Mensagem Cristã. Rio de Janeiro: Edições ‘LUMEN CHRISTI’, 1989, p. 301-302.
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