Santo Tomás
afirma a perfeição da alma em Cristo: Cristo esteve também pleno da verdade
porque sua preciosa e beata alma conheceu toda a verdade divina e humana desde
o momento de sua concepção.
É evidente
que Santo Tomas está aqui aludindo à ciência da visão beatífica. A perfeição da
alma de Cristo constitui o pano de fundo das respostas da primeira e da segunda
objeções da questão 9 da Tertia pars da suma, dos capítulos 213 e 216 do
Compêndio de teologia, etc. Que a possuiu desde o primeiro instante de sua
concepção, é o tema da S. Th., III q. 34, a. 4. É também fácil observar que de
trás de todas as explicações que o Aquinate oferece sobre esta matéria, está o
tema de fundo da perfeição da natureza humana de Cristo. Assim, o expressa em
numerosas ocasiões: ‘Christo attribuere
debemus secundum animam omnem perfectionem spiritualem quae sibi potest attribuit’.
No entanto, não só é este o princípio o único a considerar. As razões de
conveniência se baseiam também na plenitude da santidade de Cristo.
Na época
atual, em que se debate não só a possibilidade de uma ‘cristologia a partir de
baixo’ senão também uma ‘cristologia daqueles abaixo’, em alguns ambientes pode
tornar difícil aceitar a postura de Santo Tomás de que no mistério da
Encarnação ‘magis consideratur descensos divinae
plenitudinis in naturam humanam, quam profectus humanae, quasi praexistentis,
in Deum’. Mas também explica as dificuldades que alguns teólogos encontram
em torno do problema que a negação da visão beatífica de Cristo suscita e se
começa a falar da fé de Cristo. Durante anos os teólogos têm utilizado
precisamente este argumento da plenitude da verdade de Cristo como uma razão de
conveniência para a existência da ciência beata em Cristo, testemunha ocular
das verdades reveladas.
O poder
revelador de Cristo tem sua origem não em uma revelação que tenha recebido
senão no conhecimento direto que tem do Pai. Dá testemunho no sentido estrito:
testifica aquilo que vê. A afirmação da ciência da visão em Cristo tem sido
posição quase unânime dos teólogos pelo menos desde a Idade Média até a época
do Concílio Vaticano II, baseada não em um texto determinado, senão no conjunto
dos dados bíblicos e patrísticos. E o magistério continua afirmando sua
existência. Assim, por exemplo, João Paulo II ensinou que Cristo ‘em sua
condição de peregrino pelos caminhos de nossa terra (viator), estava já em
possessão da meta a qual devia conduzir os demais’.
Esta
plenitude da verdade que caracteriza a Cristo enquanto homem está também
integrada pela ciência adquirida e pela ciência infusa. Centramo-nos brevissimamente
nesta última afirmando que a maior parte dos teólogos a partir da Idade Média
ensinava que Cristo gozou da ciência infusa, em base a perfeição do seu
entendimento criado e de sua missão de revelador supremo e definitivo, que exigia
que possuísse em sua inteligência as verdades que devia ensinar, os conceitos
que devia transmitir, que pudesse profetizar. A visão beata, com efeito, deixa
intacta a capacidade de receber as espécies infusas em seu intelecto passivo,
fazendo assim possível que pudesse comunicar com palavras e conceitos humanos
as realidades inefáveis que contempla com sua ciência de visão.
Tradução: Roberto Marcelo da Silva
Fonte:
Título
:
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Cristo,
lleno de gracia y de verdad, según Santo Tomás de Aquino.
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Autor(es)
:
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Entidad
editora :
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Servicio
de Publicaciones de la Universidad de Navarra.
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Materia
/ Palabras clave :
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Materias
Investigacion::Teología y Ciencias religiosas
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