sábado, 12 de outubro de 2013

A humanidade de Maria como lugar de manifestação de Deus



Segundo Y. Congar, a antropologia, isto é, a visão do homem, depende da visão trinitária de Deus. O homem é a imagem de Deus. A fé em Deus (que é a comunhão das Pessoas) leva a conclusão de que o homem foi criado para a comunidade (comunhão), que realiza sua humanidade plenamente só no encontro entre seres diferentes a Ele. Isto explica a importância do trabalho da antropologia que oferece uma proteção sólida diante de uma possível ‘atomização’ teológica e, mostra que aquilo que é essencial não é antropológico. Por isso, a pneumatologia é tão importante, porque fundamentalmente conduz a visão trinitária de Deus e mostra a dimensão doxológica. O que é então aquilo que o Espírito Santo revelou na humanidade de Maria?



Maria foi formada pelo Verbo e pelo Sopro. Antes que se convertesse na Mãe de Jesus, aceitou no coração a promessa e a atitude de discípula. Por obra do Espírito era capaz de aceitar Verbo. Em Maria se realizou a novidade do mistério cristão, isto é, o serviço do Espírito: Ele convence pelo amor fiel de Deus e da capacidade para pronunciar ‘Abba Pai’. Y. Congar faz a seguinte conclusão:



‘Ele (o Espírito Santo) suscitou a humanidade de Jesus em Maria, Ele ungiu e santificou esta humanidade para Sua ação messiânica; mediante a ressurreição e glorificação, Ele acabou por fazer de Sua humanidade uma humanidade de (Filho de) Deus. (...) Depois da glorificação do Senhor, tem esse templo em nós e na Igreja’ (cf. Y. CONGAR, El Espíritu Santo, Barcelona 1983, p. 272).



Esta verdade se refere também a Maria até depois de sua Assunção, ou seja, a entrada na plena experiência dos frutos da Páscoa de Cristo. Pode-se então deduzir que a obra do Espírito Santo em Cristo e em Maria (em  nós) constitui o próprio mistério cristão.



A mariologia passou por períodos de busca de sua ideia central. O ponto de referência é a maternidade de Maria. Desde a perspectiva da ação do Espírito Santo, mostra-se como consequência da presença maternal de Deus no homem. A fé de Maria era essencial porque obedecia a promessa divina.



A devoção conhece a oração a Maria. A reflexão sobre a história da salvação indica que o Espírito Santo conduz ao homem e, isto leva até a plenitude da oração. A própria história mostra a dimensão comunitária da oração. Maria é nomeada como intercessora e é, sobretudo, a ‘intercessora no Intercessor’; não é a ‘intercessora ao Intercessor’. O mistério da presença do Verbo e do Sopro mostrou que o homem não é capaz por si mesmo de abrir-se a outra pessoa. Reconhece o rosto paterno de Deus no caminho da confiança ao Verbo e ao Sopro. Esta é a confiança fundamental do homem. Então, a confiança a Maria se encontra na grande confiança do homem a Deus.


Tradução: Roberto Marcelo da Silva




Fonte:



Título : 
Hacia una mariología pneumatológica. La relación entre el Espíritu Santo y María en la teología posconciliar.
Autor(es) : 
Entidad editora : 
Servicio de Publicaciones de la Universidad de Navarra
Materia / Palabras clave : 
Materias Investigacion::Teología y Ciencias religiosas
María
Espiritu Santo
Biblia
Simbolismo
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Mariología
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