Segundo
Y. Congar, a antropologia, isto é, a visão do homem, depende da visão
trinitária de Deus. O homem é a imagem de Deus. A fé em Deus (que é a comunhão
das Pessoas) leva a conclusão de que o homem foi criado para a comunidade
(comunhão), que realiza sua humanidade plenamente só no encontro entre seres
diferentes a Ele. Isto explica a importância do trabalho da antropologia que
oferece uma proteção sólida diante de uma possível ‘atomização’ teológica e,
mostra que aquilo que é essencial não é antropológico. Por isso, a
pneumatologia é tão importante, porque fundamentalmente conduz a visão
trinitária de Deus e mostra a dimensão doxológica. O que é então aquilo que o
Espírito Santo revelou na humanidade de Maria?
Maria
foi formada pelo Verbo e pelo Sopro. Antes que se convertesse na Mãe de Jesus,
aceitou no coração a promessa e a atitude de discípula. Por obra do Espírito
era capaz de aceitar Verbo. Em Maria se realizou a novidade do mistério
cristão, isto é, o serviço do Espírito: Ele convence pelo amor fiel de Deus e
da capacidade para pronunciar ‘Abba Pai’. Y. Congar faz a seguinte conclusão:
‘Ele
(o Espírito Santo) suscitou a humanidade de Jesus em Maria, Ele ungiu e
santificou esta humanidade para Sua ação messiânica; mediante a ressurreição e
glorificação, Ele acabou por fazer de Sua humanidade uma humanidade de (Filho
de) Deus. (...) Depois da glorificação do Senhor, tem esse templo em nós e na
Igreja’ (cf.
Y. CONGAR, El Espíritu Santo, Barcelona 1983, p. 272).
Esta
verdade se refere também a Maria até depois de sua Assunção, ou seja, a entrada
na plena experiência dos frutos da Páscoa de Cristo. Pode-se então deduzir que
a obra do Espírito Santo em Cristo e em Maria (em nós) constitui o próprio mistério cristão.
A
mariologia passou por períodos de busca de sua ideia central. O ponto de
referência é a maternidade de Maria. Desde a perspectiva da ação do Espírito
Santo, mostra-se como consequência da presença maternal de Deus no homem. A fé
de Maria era essencial porque obedecia a promessa divina.
A
devoção conhece a oração a Maria. A reflexão sobre a história da salvação
indica que o Espírito Santo conduz ao homem e, isto leva até a plenitude da
oração. A própria história mostra a dimensão comunitária da oração. Maria é
nomeada como intercessora e é, sobretudo, a ‘intercessora no Intercessor’; não
é a ‘intercessora ao Intercessor’. O mistério da presença do Verbo e do Sopro
mostrou que o homem não é capaz por si mesmo de abrir-se a outra pessoa.
Reconhece o rosto paterno de Deus no caminho da confiança ao Verbo e ao Sopro.
Esta é a confiança fundamental do homem. Então, a confiança a Maria se encontra
na grande confiança do homem a Deus.
Tradução: Roberto Marcelo da Silva
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