sábado, 12 de outubro de 2013

Maria, a imagem trinitária de Deus



Yves Congar sempre se perguntou em suas reflexões pela imagem teológica de Deus. Demonstrou como a resposta a esta pergunta influência sobre o entendimento da história da salvação, da Igreja e do homem. Por exemplo, constata que a riqueza teológica dos textos do Vaticano II está em visão trinitária de Deus. Os textos do Vaticano mostram um monoteísmo ainda sem um desenvolvimento do mistério trinitário.

A pneumatologia do teólogo dominicano toca pelo menos duas questões importantes que podem falsear a imagem trinitária de Deus, e, simultaneamente, a imagem teológica de Maria. Trata-se da divindade do Espírito Santo e a humanidade de Cristo. Yves Congar compartilhou a análise crítica das expressões sobre Maria:

‘Determinadas expressões de autores espirituais católicos são passíveis de críticas porque atribuem a Maria uma eficiência imediata da graça e de vida espiritual (...); aquilo que é obra inalienável de Deus e do Espírito Santo’ (cf. Y. CONGAR, El Espíritu Santo, Barcelona 1983, p. 193).

Esta constatação conduz a confirmar a presença do Espírito Santo na história da salvação; de modo que Sua ação não se pode reduzir a uma função causal, pelo contrário, Ele está continuamente presente. A teologia serve a mariologia. Recorda que o Espírito Santo é o único Santificador. O Espírito Santo produz à contínua e salvífica presença do mistério da Encarnação. Yves Congar defende o mistério do Espírito Santo que diviniza. A negação desta verdade falseia a imagem teológica de Maria e da história da salvação. O teólogo francês menciona cinco atitudes contemporâneas, que de um lado manifestam a falta de consideração sobre a interpretação sobrenatural do mundo, e por outro lado explicam seu sentido nas categorias espirituais. A origem deste fenômeno duplica, na opinião de Y. Congar, opiniões conhecidas desde a antiguidade e que levam a certo ceticismo em relação ao desenvolvimento do mundo para o bem, e o racionalismo que aceita várias formas de espiritualismo, ascetismo baseado na visão dualista do home, psicologismo e a teologia horizontal da história. Se seguirmos o pensamento de Y. Congar, não podemos ignorar a pergunta sobre o papel do Espírito Santo referente a esta mariologia que condiciona a ação de Maria, os destinos do mundo, do homem e da Igreja.

Ao lado da verdade sobre a divindade do Sopro, cheia de consequências está a verdade sobre a humanidade de Jesus Cristo. Ainda que o mestre dominicano se ocupou do monofisismo nos primeiros anos de seu trabalho científico, no entanto, desde a perspectiva penumatológica pode-se perceber a atualidade do tema. Desde a antiguidade são conhecidos os extremos na cristologia: de um lado acentuam a humanidade de Cristo e de outro Sua divindade. O concílio de Calcedônia formulou a doutrina sobre Jesus Cristo como verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Seguindo esta fórmula é necessário ver na humanidade de Cristo o ‘instrumento’ da divindade através do qual podemos perguntar sobre o papel de Maria e logo sobre o papel da Igreja. Na opinião de Y. Congar, não acentuar a unidade de Cristo é o fundamento do monofisismo. Y. congar viu tendências deste tipo precisamente na mariologia que não acentuava a consubstancialidade da humanidade de Cristo com nossa humanidade e, colocava Maria como Mediadora e Corredentora. Não obstante, na economia da salvação, opina Y. Congar está acentuada não só a frutificação das missões históricas e visíveis do Filho e do Espírito Santo, e além do mais a distinção das consequências da graça e da própria graça, senão também e antes de tudo, a soberania de Deus e Sua ação. Esta argumentação fala se opondo a mariologia ‘separada’ e da mariologia dos privilégios. Y. Congar acentua a maternidade do Espírito Santo em relação a Cristo que se realiza na Igreja. Consequentemente, Y. Congar diz que o Espírito Santo realiza Sua missão materna também com relação a Maria fazendo dela a Virgem, a esposa e a mãe no nível mais alto; (...) o Espírito Santo atualiza em Maria sua capacidade feminina de ser mãe (...) (cf. Y. CONGAR, El Espíritu Santo, Barcelona 1983, p. 417). Por isso, Maria é o ícone do Sopro: porque aceita Jesus e o entrega ao mundo. Através do Espírito Santo, o Verbo tomou a natureza humana e, através do Espírito Santo, a natureza humana é a nova criação tendo como modelo o Primogênito.

Tradução: Roberto Marcelo da Silva



Fonte:


Título : Hacia una mariología pneumatológica. La relación entre el Espíritu Santo y María en la teología posconciliar.
Autor(es) : Jasianek, J. (Jaroslaw)
Entidad editora : Servicio de Publicaciones de la Universidad de Navarra
Materia / Palabras clave : Materias Investigacion::Teología y Ciencias religiosas
María
Espiritu Santo
Biblia
Simbolismo
 Liturgia
Eucaristía
Mariología
Juan Pablo II
Iglesia Católica
Catecismo
Enlace permanente: http://hdl.handle.net/10171/17373
Aparece en las colecciones:REV - Excerpta e dissertationibus in Sacra Theologia - Vol. 43 (2002)


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